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Exemplos de Comunicação Não Violenta no Trabalho e em Casa

  • Foto do escritor: Iasmin Montini
    Iasmin Montini
  • 23 de out.
  • 7 min de leitura

A Comunicação Não Violenta (CNV) é um modelo poderoso de comunicação que se aplica a todos os níveis de interação, podendo ser utilizada nos meios profissional e pessoal.


Seu propósito é inspirar conexões sinceras entre as pessoas, permitindo que a compaixão natural floresça. O foco é concentrar a atenção no que está "vivo em nós" (nossos sentimentos e necessidades) e no que podemos fazer para "tornar a vida mais maravilhosa" (nossos pedidos).


Em vez de recorrermos à linguagem de julgamento, culpa ou crítica — formas de comunicação que bloqueiam a compaixão —, a CNV oferece ferramentas para expressarmos nossa honestidade e ouvirmos a dos outros com clareza.


Seja no ambiente de trabalho, onde as habilidades de dar feedbacks eficazes e resolver conflitos é essencial, ou em casa, onde a ausência de comunicação pode levar à mágoa e à dor, a CNV se manifesta como uma prática de coragem e vulnerabilidade.


A seguir, exploramos exemplos práticos de como aplicar os quatro componentes da CNV – Observação, Sentimento, Necessidade e Pedido – em contextos profissionais e pessoais.


Desenhos de pessoas dialogando. Seus balões de fala se complementam formando um quebra-cabeça. O desenho representa os efeitos do uso da Comunicação Não Violenta (CNV).

Comunicação Não Violenta no Trabalho: Conflitos, Feedback e Liderança


No ambiente de trabalho, a CNV é usada para estabelecer relacionamentos mais eficazes e para promover mudanças sociais. Como um ambiente que exige intenções abertas, proveitosas e, muitas vezes, duradouras, o contexto profissional pede por uma boa dose de vulnerabilidade. 


Nesse sentido, oferecer feedbacks eficazes, pedir desculpas, demitir alguém e liderar uma equipe, são, por definição, atos que pedem por essa qualidade. Mas apesar de recorrentes, essas ações podem ser difíceis, justamente por demandarem uma exposição vulnerável. Entenda mais sobre a Comunicação Não Violenta no trabalho:


Dando Feedback Construtivo (Evitando o Julgamento)


A crítica destrutiva é frequentemente expressa como ataque pessoal, ou seja, aquele que foca nos erros do outro e ignora os seus sentimentos sobre eles. Esse movimento tende a provocar reações defensivas, tornando a conversa pouco ou nada construtiva.


A CNV convida você a separar a observação (o comportamento específico) da avaliação (o julgamento sobre o caráter), o que pode ser muito útil ao lidar com conversas reativas. Por exemplo:


  • Abordagem alienante (Julgamento): "Você é um sacana irresponsável, só pensa em si mesmo".

  • Abordagem CNV (Foco no Comportamento e Sentimento): Quando você não me ligou para dizer que ia chegar atrasado para nosso compromisso de jantar (O), eu me senti menosprezada e zangada (S). Eu gostaria que você me dissesse que vai se atrasar (P)".


O Princípio em Ação: Ao dizer "Eu me sinto..." você mantém o foco nos seus sentimentos, sem julgar as intenções ou a habilidade do outro, o que o torna menos propenso à defensiva.


Lidando com a Abstinência da Equipe (Ouvindo Necessidades)


Em um contexto de trabalho em equipe, pode haver colegas que se abstém de participar. Em vez de acusá-los de "não trabalhar", o líder pode usar a CNV para ouvir as necessidades por trás desse comportamento.


Exemplo Prático (Baseado em uma Líder): Um líder notou um padrão de ausência em reuniões por videoconferência e, em vez de acusar, disse: "Não participar delas é como não trabalhar. O que posso fazer para ajudá-los a participar?".


O Princípio em Ação: A CNV adota a tática do "poder com", buscando estratégias que atendam às necessidades de todos. Ao focar em "o que posso fazer" (o pedido), o líder busca entender as necessidades não atendidas do colaborador.


Expressando Vulnerabilidade em Reuniões de Alto Risco


Somos rodeados por um padrão cultural que separa os sentimentos do trabalho, isso faz com que muitas pessoas sintam medo de expressar seus receios e opiniões sinceras. Contudo, a expressão da vulnerabilidade é uma habilidade de inteligência emocional que pode ajudar no desenvolvimento de ideias e ser a chave para resolver conflitos e lidar com conversas difíceis no trabalho.


Exemplo Prático: Um administrador, em vez de recorrer à abordagem estritamente lógica, escolheu expressar seus sentimentos e os motivos pelos quais desejava que os médicos mudassem de posição. O resultado foi que os médicos reverteram a posição, apoiando o projeto.


O Princípio em Ação: Expressar a vulnerabilidade e a honestidade "sem críticas" cria mais poder com as pessoas do que apontar seus erros.


Estabelecendo Limites de Comportamento Inaceitável


A CNV permite que o líder estabeleça limites sem ser agressivo ou autoritário, mas sim com clareza e coragem. Isso possibilita uma relação mais empática e produtiva com os colaboradores, constituindo uma habilidade importante de liderança. Por exemplo:


Comportamento Problemático

Resposta CNV (Estabelecendo Limites)

Interrupções constantes ou revirar de olhos.

"Sei que estamos cansados e estressados. A reunião está sendo longa. É comum se sentir frustrado. Mas interromper as pessoas e revirar os olhos não é aceitável".

Gritos em uma discussão acalorada.

"Sei que esta é uma conversa difícil. É comum ficar irritado. Mas gritar é improdutivo e pode gerar mais estresse .


O Princípio em Ação: O líder deve estabelecer limites e encontrar o conforto verdadeiro. Além disso, se o confronto se tornar improdutivo, a ferramenta do intervalo pode ser solicitada, permitindo que todos "deem uma volta ou recuperem o fôlego".


Comunicação Não Violenta em Casa: Relacionamentos Pessoais e Íntimos


A CNV é amplamente utilizada para estabelecer maior grau de profundidade e afeto em contextos de intimidade e para transformar os conflitos em família. Ela ajuda a fortalecer os relacionamentos interpessoais, trazendo mais transparência, empatia e sinceridade nas relações.


Lidando com Tarefas Domésticas e Ordens


Em família, a comunicação pode se tornar coercitiva, especialmente quando os pedidos soam como exigências.


  • Exemplo (Mãe e Filho):

◦ O filho deixa meias sujas no chão.

CNV: "Roberto, quando eu vejo duas bolas de meias sujas debaixo da mesinha e mais três perto da TV (O), fico irritada (S), porque preciso de mais ordem no espaço que usamos em comum (N). Você poderia colocar suas meias no seu quarto ou na lavadora? (P)".


O Princípio em Ação: O pedido deve ser feito de forma positiva, dizendo especificamente o que se deseja, em vez de o que se deseja que pare de fazer. Se o filho não atender ao pedido, a mãe deve reconhecer os sentimentos e necessidades dele (exaustão, necessidade de descanso, etc), e não considerá-lo desobediente.


Transformando a Crítica do Parceiro (Ouvindo Necessidades)


Quando um parceiro faz um julgamento ("Você nunca me escuta"), a tendência é se defender ou contra-atacar. A CNV ensina a receber com empatia a mensagem, transformando a crítica em uma necessidade. Por exemplo:


  • Abordagem Reativa (Defensiva):

    • Mensagem: "De que adianta conversar com você? Você nunca escuta". 

    • Resposta: "Isso não é verdade! Eu valorizo o que você faz por mim".

  • Abordagem CNV (Ouvindo a Necessidade): Uma resposta mais produtiva poderia ser: "Você está se sentindo infeliz (S) porque gostaria de mais compreensão e conexão (N)?".


O Princípio em Ação: Não importa somente o que os outros digam, você deve ouvir o que eles estão sentindo e necessitando. As pessoas se preocupam mais com o nosso bem-estar quando partilhamos o poder do que quando lhes apontamos os seus erros.


Expressando a Necessidade de Companhia (Evitando Linguagem Vaga)


Muitos conflitos surgem porque os pedidos em relacionamentos íntimos são vagos e inespecíficos. A falta de uma comunicação eficaz e assertiva pode ser a causa de muitas crises nas relações.


  • Exemplo: Uma esposa cujo marido passava muito tempo fora de casa disse: “Não quero que você passe tanto tempo no trabalho”. O pedido não foi atendido porque ela disse o que não queria.

  • Melhor Comunicação (Ação Positiva): "Quero que você me diga se está disposto a passar pelo menos uma noite por semana comigo e com as crianças".


O Princípio em Ação: A linguagem inespecífica (como "Quero que você me deixe ser eu mesma") pode atrapalhar a comunicação. O pedido deve ser formulado em linguagem de ação positiva.


Pedindo Ajuda e Expressando Exaustão


Em momentos de estresse, a comunicação honesta sobre o próprio estado emocional pode gerar conexão e cooperação, mesmo em crianças.


Exemplo Prático (Pai e Filhos): Um pai chegou em casa com os filhos brigando, mas estava exausto e sem energia para oferecer empatia. Em vez de culpar, falou de forma não violenta: "Meninos, sinto muito, mas estou muito cansado e não tenho energia para lidar com a briga de vocês agora. Só quero um pouco de paz e sossego! Vocês poderiam me dar esse tempo e espaço?".


O Princípio em Ação: Quando somos capazes de falar de nosso sofrimento sem máscaras e sem culpar ninguém, até outras pessoas que também estão sofrendo às vezes são capazes de escutar nossas necessidades.


Ferramentas Essenciais para a Prática Diária


Para praticar a CNV com sucesso, é preciso recorrer a recursos que ajudam a manter a consciência e a autenticidade. Aqui vão algumas dicas para fazer isso:


Ferramenta CNV

Aplicação Prática

Fundamento

Escuta Empática

Em vez de aconselhar ("Por que você não fez assim?") ou competir pelo sofrimento ("Isso não é nada; espere até ouvir o que aconteceu comigo"), concentre-se em estar presente e apenas ouvir a dor.

A empatia é um ato vulnerável que envolve se conectar com o sentimento.

Confronto de Histórias (TRIs)

Quando estiver com raiva ou ansiedade, pare e pergunte: "Que reunião difícil a de hoje. Você estava quieto, e estou imaginando que você ficou chateado porque sua equipe vai ter que fazer todo o trabalho. Podemos conversar sobre isso?".

A raiva é uma pista maravilhosa que indica que você está julgando em vez de ouvir.

Coragem e Anotações

Para conversas importantes, simule situações, pratique e faça anotações por escrito para levar para reuniões ou conversas. Isso aumenta a sua confiança fundamentada.

Dar feedback e receber feedback são atos de vulnerabilidade.

Expressando Gratidão

Não use elogios como julgamento ("Você fez um ótimo trabalho"), pois isso pode soar como manipulação.

O reconhecimento deve ser uma celebração que comunica como o ato do outro enriqueceu sua vida, sem o propósito de criar um resultado nos outros.


A Comunicação Não Violenta é um caminho de autodescoberta e necessita de treino, treino, treino. Ao aplicar seus princípios, você escolhe se conectar com a humanidade do outro, construindo um fluxo de comunicação mais honesto e compassivo no trabalho e em casa.

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"Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo." - Hermann Hesse

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