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Como Lidar com Conversas Difíceis Usando Comunicação Não Violenta

  • Foto do escritor: Iasmin Montini
    Iasmin Montini
  • há 4 horas
  • 7 min de leitura

Lidar com conversas difíceis pode ser um desafio comum em qualquer tipo de relação — seja no trabalho, em casa ou entre amigos. Muitas vezes, o medo do confronto, o impulso de se defender ou a dificuldade em expressar sentimentos acabam transformando o diálogo em um campo de tensão.


Nesse sentido, a Comunicação Não Violenta (CNV) oferece um caminho para transformar esses momentos em oportunidades de conexão genuína. Por meio de empatia, escuta ativa e expressão autêntica, a CNV nos ajuda a compreender o que está por trás das palavras e a construir conversas que aproximam, em vez de afastar.


Conversas difíceis são aquelas que achamos complicadas de abordar, pois envolvem incerteza, vulnerabilidade, auto-estima e resultados importantes e incertos. A tentativa de fugir desses diálogos leva a consequências negativas, como a falta de clareza, a desconfiança e o aumento de conflitos improdutivos.


Para lidar com conversas difíceis usando a CNV, precisamos de coragem, que é a disposição de encarar a vulnerabilidade — o sentimento que experimentamos em períodos de incerteza, insegurança e exposição emocional.

A seguir, um guia passo a passo para transformar esses momentos de tensão em oportunidades de aprendizado e conexão.


Desenho colorido de pessoas sentas em volta de uma mesa e conversando. O balões de conversa que saem dessas pessoas se juntam, formando um grande balão em formato de mãos se apertando. Essa imagem representa a resolução de conflitos através da CNV.

A Mudança de Postura: Do Debate à Conversa-Aprendizado


As conversas difíceis podem se tornar reativas e improdutivas pela intenção de provar que você está certo (a "postura de entrega de mensagens"). O primeiro passo para lidar com essas situações é, portanto, abandonar essa postura e adotar a "postura de aprendizado"


O objetivo aqui não é a concordância obrigatória, mas a compreensão mútua das histórias e dos sentimentos de cada um.


Encarando a Vulnerabilidade em Conversas Difíceis 


Lidar com o desconforto e a incerteza é um pré-requisito para a CNV em conversas difíceis. Nesses contextos, a nossa tendência é vestir uma "armadura" (pensamentos e comportamentos que usamos para nos proteger). 

A verdadeira ousadia para se tornar um comunicador eficaz está em escolher a coragem em vez do conforto.


Uma técnica poderosa para iniciar o diálogo é:


  • Começar pela Terceira História: Em vez de partir da sua própria história, que pode colocar o outro na defensiva imediatamente, comece com a "Terceira História" — a perspectiva de um observador atento que descreve o problema como a diferença entre as histórias. Por exemplo, você pode dizer: “Tenho a impressão de que você e eu vemos essa situação de maneira diferente. Gostaria de compartilhar o modo como eu a vejo e saber mais sobre como você a vê”.


Neste texto você encontra dicas para iniciar conversas difíceis: 4 formas de começar uma conversa difícil.


O Mapa da CNV nas Três Conversas Difíceis


A Comunicação Não Violenta entende que toda conversa difícil acontece simultaneamente em três níveis: a conversa sobre o que aconteceu (fatos, intenção, culpa), a conversa sobre os sentimentos e a conversa sobre a identidade. A CNV nos fornece o vocabulário e o foco necessários para navegar por essas esferas.


Foco na Contribuição, Não na Culpa


Dentre os erros da comunicação, é muito comum concentrar-se em quem é o culpado. Focar na culpa é um julgamento que aponta para o passado, gera atitudes defensivas e pouco aprendizado. A atitude mais inteligente é focar na contribuição, que é compreensão e aponta para o futuro, ajudando a identificar o sistema interativo que levou ao problema.


  • Assuma sua Parte: É quase sempre verdade que o que aconteceu é resultado de coisas que as duas pessoas fizeram (ou deixaram de fazer). Assumir primeiro a sua contribuição sinaliza que você quer deixar a dinâmica da culpa para trás.


A Expressão Pura dos Sentimentos  


Os sentimentos estão no cerne das conversas difíceis. O impulso de apontar culpados geralmente é um indício de emoções intensas que não foram expressadas. A inteligência emocional é uma habilidade importante para lidar com conversas difíceis.


  • Evite a Culpa Alheia: A CNV nos convida a olhar para o padrão dentro de nós que incentiva determinada emoção ou reação. O modo como nos sentimos resulta de como escolhemos receber a mensagem e de nossas necessidades, não do comportamento do outro.

  • Use a Fórmula CNV: A assertividade na CNV consiste em expressar honestamente o que está vivo em você, conectando o sentimento à sua necessidade, sem culpar. Isso gera empatia e diminui a reatividade na conversa.


Exemplo: Em vez de dizer "Você me feriu quando me interrompeu", use: "Fico frustrado (Sentimento), porque eu preciso de respeito e tempo para concluir minha ideia (Necessidade)".


Consolidando a Identidade em Conversas Difíceis


Conversas difíceis muitas vezes tocam em aspectos profundos da nossa autoimagem — questionando se somos competentes, dignos de amor ou pessoas “boas o suficiente”. Quando nos deixamos levar pela mentalidade do “tudo ou nada”, qualquer crítica ou discordância pode parecer uma ameaça à nossa identidade.


  • Aceite a Complexidade: Reconheça que ser humano é ser contraditório. Você pode agir bem em alguns momentos e falhar em outros, e ainda assim continuar sendo uma pessoa íntegra e em crescimento. Ampliar a visão sobre si mesmo — aceitando erros, intenções ambíguas e limites — torna mais fácil lidar com o desconforto que certas conversas trazem.

  • Dê Espaço ao Processo: Se a conversa se tornar emocionalmente intensa, permita-se uma pausa. Pedir tempo para refletir não é sinal de fraqueza, mas de maturidade emocional. Retomar o diálogo depois de um período de assimilação mostra coragem e compromisso com uma comunicação mais consciente e respeitosa.


Os 4 Componentes da CNV na Prática


Para se expressar com clareza e poder, a CNV oferece os quatro componentes que nos ajudam a nos expressar com assertividade e  descrever o que está vivo em nós.


  1. Observação (O que está acontecendo?): Expresse o que o outro fez ou disse livre de julgamentos, críticas ou avaliações. Ao combinar observação com avaliação, o outro tende a ouvir críticas e resistir à mensagem. Evite generalizações como "sempre" ou "nunca". Busque falar sobre o acontecimento por uma visão mais neutra e concreta. Foque no que de fato aconteceu.

  2. Sentimento (Como me sinto?): Nomeie o que sente de forma clara e específica. Não confunda sentimentos com diagnósticos (ex: "Sinto que você não me escuta" é um diagnóstico, não um sentimento).

  3. Necessidade (O que eu preciso?): Identifique o valor ou desejo universal que não está sendo atendido. Ao invés de culpar, demonstre que seus sentimentos derivam de suas necessidades, e não das ações do outro. Críticas e julgamentos são "expressões alienadas de nossas próprias necessidades".

  4. Pedido (O que o outro pode fazer?): Solicite uma ação concreta e positiva para enriquecer sua vida.


  • Pedido, Não Exigência: O objetivo da CNV é estabelecer um relacionamento baseado na sinceridade e na empatia. O pedido só deve ser atendido se o outro puder fazê-lo de livre vontade e com compaixão. Se o outro ouve uma exigência (por medo de culpa ou punição), a energia é desviada para a defesa.


Exemplo: “Nas últimas três reuniões, percebi que, enquanto eu explicava minhas ideias, você me interrompeu algumas vezes antes que eu terminasse de falar (O). Fico frustrado e um pouco desanimado quando isso acontece (S). Porque preciso sentir que minhas contribuições estão sendo ouvidas e consideradas (N). Você poderia esperar eu terminar de expor meu ponto antes de comentar? Assim posso organizar melhor o que quero dizer, e a conversa flui melhor para todos (P).


A Escuta Empática: A Ferramenta Mais Poderosa das Conversas Difíceis 


Não é possível encaminhar a conversa para uma direção positiva até que a outra pessoa se sinta ouvida e compreendida. O motivo pelo qual o outro não escuta você geralmente é porque ele não se sente ouvido. O acolhimento empático gera efeitos muito positivos em conversas difíceis.


  • Postura de Curiosidade Genuína: Mude sua postura interior de "Eu entendo" para "Me ajude a entender". O interesse genuíno e a disponibilidade para ampliar o seu ponto de vista são a essência de um bom ouvinte

  • Paráfrase (Repetição): Repita com as suas próprias palavras o que você ouviu (paráfrase). Isso tem a função crucial de conferir se você entendeu e de mostrar ao outro que ele foi ouvido.

  • Aceite os Sentimentos: Escute os sentimentos que estão por trás dos argumentos e das acusações. É preciso abrir espaço para os sentimentos do outro, sem julgamentos ou avaliações prematuras de sua legitimidade.

  • Lidando com o "Não": Se a pessoa disser "Não", não o tome como rejeição. Na CNV, o "não" é apenas uma expressão desajeitada do que a pessoa quer, uma necessidade que não está sendo atendida por sua estratégia. Você deve ouvir e respeitar o que o outro precisa, mas isso não significa que você tenha que fazer o que ele pede. Saber dizer “não” é tão crucial quanto saber aceitá-lo.

  • Reformulação em Ação: Se o outro toma um rumo destrutivo (culpando, atacando), use a reformulação para trazer a conversa de volta aos eixos. Você pode traduzir o julgamento ou a acusação dele para sentimentos e necessidades.

    • “Quando você diz que eu sou desorganizado, entendo que está preocupada com os prazos e que precisa ter mais controle sobre as etapas. O que acha de organizarmos melhor a planilha de prazos para que as expectativas fiquem mais alinhadas?


Manutenção e Fechamento 


Ao final da conversa, mantenha o foco na solução conjunta:


  • Busque Soluções Mútuas: O objetivo é conceber alternativas que atendam aos anseios e aos interesses mais importantes de ambos os lados.

  • Monitore a Comunicação: Se o outro continuar tomando atitudes destrutivas (interrompendo, atacando), você pode explicitar o problema da interação. Por exemplo, você pode dizer: "Percebo que a sua postura está me impedindo de ouvir o que você está dizendo". Se a conversa se tornar improdutiva, peça um intervalo.

  • Pratique o Treino Constante: A CNV e as habilidades de coragem não são dons, mas habilidades que podem ser ensinadas, observadas e mensuradas. É preciso treino, treino, treino. Não se trata de ser perfeito, mas de assumir a responsabilidade por seus sentimentos e ações.


Ao aplicar a CNV em conversas difíceis, você não está buscando a perfeição, mas sim a sinceridade vinda do coração. Isso aumentará a probabilidade de mudanças duradouras e a capacidade de enfrentar o desconforto com confiança fundamentada.


Lidando com Conversas Difíceis na Prática


Agora que você já conhece o passo a passo para lidar com Conversas Difíceis através da CNV, que tal aprimorar essas habilidades e se desenvolver na prática? Vem que eu te ajudo!


  • Guia Para Conversas Difíceis no Trabalho: Um guia completo para te ajudar a aplicar as ferramentas da CNV em conversas difíceis no contexto profissional.

  • Ebook Conversas Reativas: Não há nada que alimente mais uma conversa difícil do que a reatividade. Neste Ebook, você encontrará maneiras práticas e eficientes de lidar assertivamente com conversas emocionais e altamente reativas.

  • Liderança pelo Diálogo: Uma formação completa para líderes desenvolverem suas habilidades de comunicação assertiva e empática. Aqui, você pode se tornar o exemplo para seu time de como lidar com conversas difíceis.

  • Minicurso de Feedbacks Eficazes: Um curso para desenvolver a inteligência emocional e aprender a comunicar a situação com clareza e cuidado. Compreenda como melhorar a situação enquanto acolhe a todos os envolvidos. 

  • Mentoria Individual: Tudo o que você precisa para aprender a lidar com conflitos de forma personalizada!

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"Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo." - Hermann Hesse

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